08 setembro 2015

Empréstimo

Das pessoas com quem se convive,
A elas algo é dado e algo roubado.
Um empréstimo se assim preferir
Ou roubo, rapto ou assalto.

Este "o quê" assim capturado,
Algumas vezes é um disco, um livro,
Uma música, um momento, um beijo.
Mas não somos o mesmo rio, depois
Isto é incômodo e certo.

Há os de quem peguemos uma gripe
Um meme, um dengo ou dengue.
E os quem de nós roubam a solidão
O sossego, a paz, o coração.

Tem os que ficam a dever dinheiro
As que nunca retornam uma explicação
Os Amores de Janeiro,
As amizades de verão.

Alguns empréstimos perduram,
E com estes, a pergunta:
Se de nós com algo ficaram
Estes estranhos, agora, quem serão?






30 agosto 2015

Embate

Afiaram-se as palavras
Ferindo a ferro e fogo.
Açoitando de verdades
nunca dante imaginadas.

Chamaram-se por nomes
Feios, tortos, rotundos.
Trocaram-se farpas infames
Sangrando a cortes profundos

Sem as barreiras educadas
Vomitaram-se as frases,
mesmo as mais tímidas
até então silenciadas.

Da peleja não saiu sangue.
Saiu Arthur, esbravejando.
Não se bateram na noite
Nada além do que portas.

Lilian sem pestanejar
Gritou ainda da janela
antes de atirar o vaso
"Pode ir! Não faz falta!"