19 outubro 2009

Predador


Em cima do muro
Observo eu, o Abutre.
Negro, cruel, destemido.

Observo os seres despresíveis
Os que ousam cruzar seu caminho.
Distante, altivo, um matador.

Passam por mim crianças
Altas, baixas, aperitivos.
Almoço Deliviery, eu aprovo.

Passa então um rapaz.
Se aproxima, faz sinal
Faz "psiu", estala os dedos.
Se aproxima de mim, coitado.

Deixo que ele toque meu pescoço
E quando ele menos espera
Ronrono pelo agrado.

Pandora ao Cubo

Pandora tinha uma caixinha
E nela guardava mistérios
Monstros indizíveis
Os cruéis, os desprezíveis.

Um dia abriu a caixa
Pouca coisa só para ver
no que dava.

E de lá saiu um demônio
De chifres, garras e dentes
Desprezível, cruel, insano
E disse uma frase cruel:

"Eu sou Amor.
Sabia que eu te amo?"

Nenhuma besta voraz.
Nem o pior tirano
Matou, aleijou e torturou
tanto, desde então
o coração humano.

18 outubro 2009

Martinez

Martinez Beijava
A todas a quem encontrasse
Só não beijava Amanda
Por mais que desejasse

Passou a beijar, Martinez
Lícores, Cervejas e vinhos
Beijava o fundo do copo
Beijava a lona.

Beijou um dia um poste.
E nada mais.