05 novembro 2009

Autofagia



Voando pela janela foi-se meu celular
E com ele minhas ligações.
Seguiram-se minhas roupas,Carteira e identidade.

Sem o que me identificar, sobrou apenas Eu.
Que não pula em abismo algum, aliás.
Eu, Eu mesmo. Que coisa é essa,
Que me canibaliza a moral?

Findas todas as sombras reveladas sobre uma parede
Todas as fotos, os fatos, os focos,
Nada descubro sobre mim, porque o Eu ainda impede.
A última sombra,se insinua.

Os mesmos ossos, mesmos pensamentos
Mas ainda um Eu que não me identifica.
Como se o princípio da incerteza
fosse válido Para as questões da "alma".
Ou sou e não penso nisso, ou penso nisso e não sou.

Pensar em si é um não-ser
Como se a análise estivesse
Eternamente condenada a um estado de "chegou tarde".
Sempre que nos olhamos,
Vemos apenas um passado de quem já fomos.

Como não podemos saber quem seremos,
Nem saber quem somos
Só nos resta nossos mesmos fantasmas.

De quem, debilmente, nos alimentamos.

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